Cotações Mapas Notícias em seu e-mail
Precisa vender? Mais de 6.000 visitantes diariamente esperam pelo seu produto aqui no Pecuaria.com.br. Clique aqui e veja como e facil anunciar!
Arroba do Boi - R$ (À vista)
SP MS MG
238,00 228,00 233,00
GO MT RJ
226,00 213,00 228,00
Reposição - SP - R$
Bezerro 12m 1830,00
Garrote 18m 2190,00
Boi Magro 30m 2640,00
Bezerra 12m 1360,00
Novilha 18m 1700,00
Vaca Boiadeira 1870,00

Atualizado em: 4/12/2023 10:19

Cotações da Arroba: SP-Noroeste, MS-Três Lagoas, MG - Triângulo, GO - Região Sul, MT - Rondonópolis, RJ-Campos
Clique aqui e veja cotações anteriores

 

 

 

 


 
Receba, diariamente, em seu
e-mail nosso boletim com os assuntos que mais interessam
ao profissional do setor.

Clique aqui e inscreva-se gratuitamente.


Adriano Garcia
MTb 10252-MG

 

Dilema da comida

 
 
 
Publicado em 20/05/2008
Xico Graziano

O agricultor José Batistela acompanha, curioso, as notícias sobre a crise global de alimentos. Assusta-se ao escutar no rádio, dito por importante homem do FMI, ou da ONU, não tem certeza, que a fome poderá desencadear a terceira guerra mundial. Puxa vida, encrenca séria.

Reflete o velho sitiante de Araras. Homem rude, nascido na roça, mãos calejadas no guatambu da enxada, sempre gostou de uma boa polêmica. Descendente de italianos, daqueles que ergueram o colonato do café, seu José está confuso.

Rememora o tempo em que plantava feijão, arroz e milho no seu pedaço de chão. Naquela época, há meio século, o alimento próprio fazia parte da subsistência familiar. Havia de tudo em casa: lingüiça, banha do porco, frango caipira, polenta, ovos e leite frescos, verdura da horta, fruta do pé, café moído na hora. Fartura da terra.

As coisas, porém, mudaram. A urbanização, acelerada pelo êxodo rural, seduziu a sociedade. O valor do moderno passou a residir no pátio da indústria e no asfalto do comércio, não mais na poeira do campo. Com o tempo, o empório da cidade passou a oferecer comida barata. Depois, chegaram as gôndolas dos supermercados. Acabou o granel.

Nesse processo, os agricultores familiares aprenderam dura lição, preparando-se para enfrentar o mercado. Tarefa nada fácil. Concorrência exige qualidade, regularidade de oferta, escala e tecnologia. Jogo cruel do capitalismo.

José Batistela desistiu de cultivar cereais. Não valia mais a pena. A cada safra, perdia dinheiro. Na correria da cidade, assim lhe parecia, ninguém arranja tempo para cozinhar feijão. Mudam os hábitos alimentares, alimentos processados ganham espaço na mesa. Fast food.

Resolveu mudar de atividade. Plantou laranja. Nunca se arrependeu de trocar a subsistência pela lavoura comercial. Entrou na cooperativa, participou dos ''dias de campo'' dos agrônomos, buscou dinheiro do crédito rural, investiu em tecnologia. Era pequeno o seu pomar, mas ele se tornou, orgulhoso, um empresário agrícola. Na década de 80 ganhou dinheiro na citricultura, educou os filhos.

As fábricas de suco de laranja, porém, começaram a apertar seu calo. A situação era desigual. De um lado, poucas empresas compram fruta. Do outro, milhares de produtores oferecem seu suor. Pragas novas surgem, qual desgraça dos céus. As multinacionais controlam o fertilizante e os agrotóxicos. Míngua a renda do agricultor.

Teimou na citricultura, enfrentando ácaros e amarelinhos, que lhe roubavam o vigor da planta. Até que cansou e tomou uma importante decisão: arrendou sua terra para a usina plantar cana-de-açúcar, contrato de longo prazo, remuneração certa, mais que o dobro da laranja, e se aposentou. Afinal, já morava mesmo na cidade, fugindo da estrada esburacada de sempre. Orgulhoso, participa agora do mundo do etanol, a coqueluche do momento. Chega de problemas.

Pequeno agricultor não é coió, conforme imaginam intelectuais urbanóides. Ninguém planta por ideologia. Produzir comida, afora a antiga subsistência familiar, somente vale a pena se der retorno, pagar os custos, devolver dinheiro para cobrir a conta de casa, o estudo dos filhos. Ou quitar o financiamento no banco.

Reclamam que a carne bovina elevou seu preço no açougue. Também, pudera. Durante os últimos cinco anos, controlada pelos frigoríficos, a arroba do boi despencou. Não pagava o sal mineral. Para sanar o prejuízo a saída era matar vaca. O Brasil, entre 2003 e 2006, realizou a maior matança de fêmeas da sua História. Resultado? Faltou bezerro, garrote que não engordou. O preço da carne subiu.

Com o trigo, então, deu dó. No início dessa década, o País atendia 65% do consumo interno. Com boa política, poderia avançar mais, investindo no trigo irrigado do cerrado. Não houve, todavia, nenhum estímulo ao triticultor. Com seguido prejuízo, diminuiu o plantio. A safra reduziu-se a 25% da demanda nacional, exigindo elevar a importação. O barato saiu caro, basta ver o preço do pão e do macarrão. Culpa do agricultor?

Durante os últimos 30 anos o preço dos alimentos recuou pela metade, ou mais, favorecendo os consumidores. O Brasil pôde-se urbanizar e se desenvolver graças à competência dos seus agricultores, que, aliás, nunca foram reconhecidos por isso. O abastecimento barato permitiu o sucesso da estabilidade econômica, segurando a inflação. Quase mata, porém, os produtores rurais, até hoje endividados. Aqui mora o dilema da comida.

Falta, com certeza, alimento no mundo e muita gente passa fome por aí. Nessa conjuntura, o Brasil poderá levar enorme vantagem. Existem tecnologia, gente e terra de sobra, capazes de produzir aqui dentro e ainda vender aos chineses, indianos, russos, quem quiser. A agricultura nacional se estimula com a alta internacional dos preços, sem medo daqueles preguiçosos produtores, lá fora, acostumados com a vida mansa do farto subsídio.

Essa crise mundial de alimentos poderá devolver a dignidade perdida ao agricultor. Assim imagina o pessoal da roça. A sociedade urbana, consumista, que ilude e entope de bugiganga o povo, levou-o a imaginar que o mundo pode viver sem agricultor. Na fartura, desprezou-o, como se banal fosse a labuta no campo. Agora, na carestia, suplica para plantar mais.

Ora, produzir é fácil. Mas ninguém, na roça ou na cidade, produz para ter prejuízo. Quem garante a renda do produtor rural? Com óleo diesel subindo às alturas e fertilizante dobrando de preço, o agricultor aprende economia. Será que, depois de engraxado o trator, os preços vão desabar novamente? Seu José gostaria de saber.

Xico Graziano, agrônomo, é secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.


 


   Leia também:
 
[04/12/2023] - Protecionismo francês trava acordo UE-Mercosul
[04/12/2023] - Negociador da UE cancela viagem ao Brasil
[04/12/2023] - Bancada reage a declarações de Lula em Dubai
[04/12/2023] - Exportações de carne dispararam em novembro
[04/12/2023] - Até onde vai a alta do boi?
[04/12/2023] - Demanda por carne bovina está forte
[04/12/2023] - Milho: plantio avança com preços subindo

Regras para a publicação de comentários


   Notícias Anteriores
 
[04/12/2023] - Pecuarista de MS deve atualizar rebanhos
[01/12/2023] - Preço do boi continua subindo
[01/12/2023] - Demanda por carne ganha força e puxa arroba
[01/12/2023] - Safra de soja em estado grave
[01/12/2023] - Fávaro diz que acordo Mercosul-UE está próximo
[30/11/2023] - Alta no preço do boi já começou
[30/11/2023] - Pecuária brasileira será impactada por Milei?
[30/11/2023] - México suspende compra de carne suína do Brasil
[30/11/2023] - MAPA deve assumir funções no crédito rural
[29/11/2023] - Quebradeira atinge empresas do Agro
[29/11/2023] - Burocracia trava nova rota para exportar carne
[29/11/2023] - China deve habilitar novos frigoríficos
[29/11/2023] - Preço do boi: nem pra cima, nem pra baixo
[29/11/2023] - Preço do leite volta a despencar com força
[29/11/2023] - FPA explica porque é contra o mercado de carbono
[28/11/2023] - Minerva quer dominar 50% das exportações
[28/11/2023] - Ação dos frigoríficos prejudica pecuaristas em MT
[28/11/2023] - Arroba: escalas de abate encurtaram
[28/11/2023] - Abates dispararam no terceiro trimestre
[28/11/2023] - Quanto está custando o farelo de soja?
[28/11/2023] - Exportações de milho serão menores
[28/11/2023] - Agro pode ser taxado para financiar a Embrapa
[27/11/2023] - Boi deve subir no curto prazo
[27/11/2023] - Quanto está o ágio do boi China em todo o Brasil?
[27/11/2023] - China vai continuar comprando a carne brasileira?
[27/11/2023] - Quanto está custando o milho?
[27/11/2023] - Como será a venda de fertilizantes em 2024?
[27/11/2023] - Governo nega verba para o seguro rural
[24/11/2023] - Boi arranca em São Paulo
[24/11/2023] - Minerva crê em sobra de gado no Brasil até 2025
[24/11/2023] - Consumidor brasileiro esta mais pessimista
[24/11/2023] - Fávaro volta ao MAPA sem votar marco temporal
[23/11/2023] - Exportações de carne podem bater 200 mil toneladas
[23/11/2023] - Boi de pasto só no início do ano que vem
[23/11/2023] - Preço do boi sobe forte em Goiás
[23/11/2023] - Leite: crise pode levar a uma disparada nos preços
[23/11/2023] - Pacheco adia derrubada do veto do marco temporal
[23/11/2023] - Terra produtiva não poderá ser desapropriada?
[23/11/2023] - Ministro diz que Lula apóia o agronegócio
[22/11/2023] - Fávaro sai do ministério para ajudar STF no Senado
[22/11/2023] - Frigoríficos compram boi acima da referência
[22/11/2023] - Banco prevê oferta alta de carne em 2024
[22/11/2023] - Leite: preço não cobre o custo de produção
[22/11/2023] - PIB per capita de MT dispara puxado pelo Agro
[22/11/2023] - FPA cobra Marina Silva sobre ações ambientais
[21/11/2023] - Mercado já prevê a arroba a R$ 240
[21/11/2023] - Frigoríficos estão ganhando muito, diz dirigente
[21/11/2023] - Boi deve voltar a subir logo
[21/11/2023] - Qual a previsão para o preço do milho?
[21/11/2023] - Faturamento do Agro de MT será menor este ano

     Clique aqui para ver o índice geral de noticias


 

 

 

Adicione seu site Comprar e vender Atendimento ao anunciante Mais buscados

Venda para a pecuária brasileira através da Internet!
Clique aqui e veja como anunciar no Pecuária.com.br