Publicado em 28/06/2006Por: Urbano Gomes Pinto de Abreu
Sandra Aparecida Santos
Em bovinos de corte, a longevidade de matrizes pode ser definida como a vida útil produtiva da vaca (período compreendido entre a idade ao primeiro parto até a saída do animal do rebanho). A saída de um animal do rebanho pode ocorrer por morte ou descarte, cujos critérios são baseados em problemas sanitários, físicos ou reprodutivos. A longevidade média das vacas de cria influencia o retorno econômico do produtor, pois afeta a proporção de bezerras que deverão ser retidas para reposição, como também, a depreciação anual da matriz.
A estrutura etária de um rebanho depende do tempo de vida médio das matrizes, que por sua vez, também influencia o peso médio à desmama dos bezerros. Nos rebanhos de cria de gado de corte, a avaliação da estrutura etária das vacas determina a melhor idade de realizar o descarte, pois o aumento da longevidade reduz os custos de reposição de fêmeas aumentando a eficiência do sistema, além de maximizar o retorno econômico da atividade. Por outro lado, o aumento da longevidade das matrizes determina menor taxa de reposição, diminuindo a velocidade de ganho genético em rebanho sob seleção artificial.
A pecuária de corte no Pantanal é desenvolvida principalmente em pastagens naturais, de forma extensiva, com as características de manejo pautadas pelo regime de enchentes. Neste sistema, os animais recebem poucos cuidados e são mantidos em grandes invernadas, de forma a permitir o uso de aguadas e o pastejo seletivo. Os índices médios de produção tradicionais da região ainda são baixos, com taxas de natalidade e desmama em torno de 45-60% e 53-50%, respectivamente, havendo necessidade de maior eficiência da atividade como um todo.
A Embrapa Pantanal vem desenvolvendo projeto em que as fazendas são monitoradas, com o objetivo de conhecer os diferentes sistemas de produção, detectar os pontos críticos, nos quais há necessidade de desenvolver pesquisa analítica, e estabelecer índices de sustentabilidade para o desenvolvimento da atividade.
Nos últimos anos, vem ocorrendo uma especialização dos produtores em determinada fase da atividade de pecuária de corte. No Pantanal, ocorre concentração dos produtores na atividade de cria, havendo recria apenas das novilhas de reposição. Os principais produtos para comercialização são: bezerros(as) desmamados(as), novilhas de recria (excedente), garrotes, tourunos (touros de descarte) e vacas boiadeiras (vacas de descarte).
A idade preconizada para descarte de vacas no Brasil Central é de 10 anos, em função da diminuição progressiva da produção de leite, fazendo com que a matriz desmame bezerros cada vez mais leves. Os principais critérios para descarte de vacas são: idade, repetição de cio e habilidade materna.
No Pantanal, devido à idade à primeira cria ser tardia e ao longo intervalo de partos, o produtor geralmente possui, em seus rebanhos de cria, vacas com idade média mais elevada. Tal fato é reflexo do sistema extensivo, no qual não há controle individual do desempenho das matrizes, impossibilitando a realização de uma reposição maior. No caso de descarte de grande número de vacas, há o risco de não haver novilhas de reposição em número suficiente, diminuindo o número de matrizes da propriedade ao longo do tempo. Por meio de trabalho de monitoramento de fazendas, a Embrapa Pantanal tem recomendado o descarte de vacas com idade ao redor de 14-15 anos.
Os produtores de gado de corte vem sendo pressionados a aumentar os desempenhos produtivos e econômicos da atividade. Em sistemas extensivos de cria, com o número estabilizado de animais no rebanho, a comercialização de fêmeas excedentes (novilhas) e de fêmeas de descartes (vacas velhas), são de grande importância, pois correspondem a cerca de 50% da receita bruta dos produtores de bezerros. Assim, a determinação da estrutura etária do rebanho e a estratégia de descarte são pontos importantes na avaliação da eficiência do sistema de produção como um todo, que deveriam ser considerados no processo de tomada de decisão.
Urbano Gomes Pinto de Abreu ([email protected]) Dr. em Zootecnia e Sandra Aparecida Santos ([email protected]), Dra. Em Produção e Nutrição Animal, são pesquisadores da Pantanal.